Saiba quais são os diferentes tipos de construção em terra.
- arqurbufrn20202
- 22 de nov. de 2021
- 6 min de leitura
Atualizado: 22 de nov. de 2021
Que as construções em terra são uma alternativa mais sustentável para sua obra nós já sabemos. Contudo, você sabe como esses diferentes tipos e técnicas são aplicados na construção civil? Continue lendo esse post que vamos explicar um pouco mais sobre como cada variação dessas construções funciona.
TAIPA DE PILÃO:
Mesmo essa construção de terra sendo datada entre 2.600 a.C e 1.900 a.C na China, sendo um método construtivo milenar, A taipa só chegou ao Brasil na época da colonização e foi bastante utilizada em igrejas de Minas Gerais.
A taipa de pilão pode ser classificada como um material resistente e durável formado por camadas de barro socado. Ela é bastante sustentável por não precisar de componentes químicos nem industriais, por isso é muito indicada. Além dessas classificações a taipa é um bom método construtivo térmico e acústico para as construções.

A primeira etapa dessa técnica consiste na definição de altura e espessura da parede. A forma é montada com tábuas, madeirites ou chapas metálicas, dispostas paralelamente entre si e presas aos pilares da obra. Logo em seguida, é colocada uma camada de terra pura ou misturada com palha seca, compactada horizontalmente e disposta em camadas de 15 cm, piladas até virar um monolito, que consiste em algo construído por um só bloco. Existe uma proporção ideal para essa construção, para cada 1 metro de altura, deve-se ter 10 centímetros de espessura. Após o preenchimento completo desta fiada, move-se a forma para cima e repete o procedimento. Para uma melhor eficácia, é importante também realizar a fundação para afastar a parede da umidade, podendo ser de pedra ou de concreto. A opção normalmente utilizada são as sapatas corridas, que permitem uma distribuição de cargas uniformes no solo e dificultam a capilaridade. Quando o solo estiver próximo ao nível máximo das fôrmas, estas são desmontadas e reposicionadas, podendo ser reutilizadas diversas vezes. As estruturas de taipa de pilão podem ter longa durabilidade e uma curiosidade é que A Grande Muralha da China teve sua maior parte feita com essa técnica. No Norte da Europa, também podem ser encontradas construções feitas com essa técnica de até sete andares de altura e dois séculos de idade.

COB:
O cob é um material construtivo de argila, areia e palha. Ele possui baixo impacto ambiental, é um bom isolante térmico, tem resistência a incêndios, abalos sísmicos e a sua construção é muita econômica. Essa técnica construtiva é feita a partir de uma massa que possuem a capacidade de esculpir paredes podendo formar contornos mais orgânicos e curvos.
A técnica consiste em moldar as paredes. Com os pés, é feita uma mistura dos componentes, criando uma massa homogênea e plástica que será moldada. Após a mistura, são feitas bolas de argila colocadas uma em cima da outra, assim, levantando as paredes. Além das paredes, existe a possibilidade de criar parte do mobiliário da casa como por exemplo estantes e bancos. A terra usada nessa técnica é com até 40 a 50% de argila, acima disso é necessário acrescentar um pouco de areia, virando uma massa feita da mistura de terra com palha seca. Sua aplicação é como se fosse uma massa de modelar, na qual você já vai aplicando na linha da parede, diretamente sobre o chão, sem o gradeado do pau a pique, nem qualquer outro tipo de forma ou escora. Após seca, esta parede vira um monólito, sendo uma estrutura bastante resistente.

PAU A PIQUE:
O pau a pique foi utilizado bastante na época da colonização portuguesa no Brasil, essa técnica foi um somatório de costumes das três etnias que existam- africana, indígena e portuguesa. Por se utilizada em locais de zonas rurais, dispensa materiais importados e a utilização de terra, madeira ou bamboo e fibras são essenciais para construir edificações. O pau a pique se adapta muito bem ao clima, relevo e vegetação dos locais que utilizam essa técnica.
A tradicional técnica do norte e nordeste brasileiros usa uma terra argilosa com pelo menos 40% de argila. A massa de terra bem molhada, mas não a ponto de virar lama, é colocada manualmente numa espécie de estrado vertical, ou um gradeado, feito com varas, galhos ou cipós grossos, encontrados nas redondezas da obra, previamente armados na linha das paredes.

ADOBE:
A palavra Adobe vem do árabe “Thobe”, que significa barro e é datado em mais de 5 mil anos. Esse material utilizado principalmente em regiões secas e quentes, e é muito bom para regular a umidade interior das casas, regular a temperatura, absorver contaminantes e ser bastante econômica na hora de se construir. Por essa construção ser de baixo impacto ambiental, utiliza-se materiais recicláveis e biodegradáveis.
As paredes de adobe podem ser manuseadas em uma largura de 25 cm, o suficiente para reter o calor e liberá-lo para o interior da construção à noite, ao contrário da taipa que pode atingir espessuras de até 60 cm e gera espaços mais frios. No processo de manufatura artesanal são auxiliados por bois que pisam a terra e água é adicionada periodicamente. Para evitar o excesso de lama, é adicionada areia à mistura para melhorar sua maleabilidade. Logo após, é adicionado esterco de cavalo, que gera uma certa permeabilidade à mistura graças ao fato de conter urina. Também é adicionado à mistura o farelo de trigo, que funciona como a fibra que estrutura cada bloco. Em outras partes do mundo, onde não existe acesso ao farelo, é utilizada a palha do Pinus Patula que funciona da mesma forma. A massa de terra é aplicada em formas com dimensões definidas em função do tamanho do tijolo desejado, e após o seu preenchimento elas são retiradas e a massa do tijolo fica secando em uma superfície por 15 dias. As técnicas de junção entre os blocos no momento em que as paredes são erguidas podem variar de acordo com os critérios de construção desejados, contudo a mais utilizada é com a mesma massa de terra utilizada na fabricação dos tijolos.

SUPERADOBE:
É uma técnica de terra ensacada, pode usar praticamente qualquer tipo de solo que esteja disponível no terreno, inclusive solos cascalhentos desde que contenha uma parte de argila ou silte. A massa feita com a terra local umedecida até o ponto de parecer uma “farofa” como se fala nas obras, é colocada dentro de sacos de ráfia (polipropileno), aqueles sacos trançados, que vão sendo alinhados formando as paredes. É uma técnica com altíssima capacidade estrutural, podendo ser usada como parede autoportante, isto é, receber o peso de um telhado, por exemplo.

HIPERADOBE:
É uma técnica de bioconstrução, considerado uma variação do superadobe que utiliza um saco vazado, o qual é preenchido com terra e através da compactação as camadas se estabilizam em um material portante e seguro. Elas são pesadas e necessitam de um bom nivelamento do solo. Sua vantagem é que a espessura final da parede é menor, economizando trabalho e terra, e que pelo saco ser vazado, a execução do reboco é mais fácil do que no superadobe. Esta técnica de construção de terra ensacada gera vários benefícios, proporcionando microclima muito agradável e saudável dentro da casa.

SOLO-CIMENTO:
Esse método construtivo teve início no Brasil em 1936 através da ABCP ( Associação brasileira de Cimento Portland) se instaurou no mercado. Essa técnica é uma mistura de solo, cimento e água e são bastantes resistentes e impermeáveis, não precisando de queima da massa, por isso são considerados mais sustentáveis que os métodos mais utilizados atualmente. A técnica consiste em estabilização do solo e pode proporcionar para os moradores que utilizam esse material um excelente nível de conforto ambiental e controle de pragas.
O tijolo de solo cimento é obtido a partir da mistura proporcional de 10 partes de terra para 1 parte de cimento, que após um processo de “cura” endurece ganhando consistência e durabilidade para aplicação em várias obras. O uso deste tipo de material vem desde aproximadamente 1948 e é uma evolução das construções de taipa e adobe. Essa quantidade de cimento, junto ao procedimento de prensagem, feito numa máquina semi manual, na qual o operador adiciona a mistura de terra e cimento e movimenta uma alavanca que propicia a compactação da massa na forma dos tijolos. Após isso, basta secar por sete dias e se obtém um tijolo semelhante ao tijolinho maciço de cerâmica, muito utilizado em paredes de tijolos aparentes. Além disso, o tijolo de solo-cimento possui um baixo custo e aproveitamento de materiais regionais, o que o torna sustentável, que também agrega um maior valor arquitetônico à obra, podendo ganhar curvas, formas arredondadas e espessuras diferentes, devido à sua modularidade, permitindo um “encaixe” dos tijolos. Os furos em sua estrutura permitem a passagem da tubulação elétrica e hidráulica conforme a parede vai sendo montada, sem precisar quebrá-la, além de dispensar o uso de vigas e pilares.

Referências:
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/12298/1/A%20Técnica%20do%20Pau%20a%20Pique_Subs%C3%ADdios%20para%20a%20sua%20Preservação.pdf
https://www.google.com.br/amp/s/catracalivre.com.br/criatividade/cob-sistema-construtivo-a-base-de-terra/amp/
https://blogs.canalrural.com.br/casanocampo/2016/07/29/adobe-aprenda-a-fazer-tijolos-com-terra-crua/
https://www.google.com.br/amp/s/casa.abril.com.br/casas-apartamentos/adobe-materia-prima-tao-antiga-pode-ser-alternativa-para-o-futuro/amp/
https://www.pensamentoverde.com.br/arquitetura-verde/vantagens-desvantagens-tijolo-adobe/
https://sustentarqui.com.br/taipa-de-pilao-o-que-e-como-fazer-quais-sao-suas-vantagens/
http://www.cansustentavel.com/superadobe/
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